terça-feira, 24 de novembro de 2009

Utopia



Significado filosófico: Que não existe em lugar algum; descrição de uma sociedade ideal; refere-se a um ideal de vida proposto. Pode ser também a expressão da esperança, pois, graças ao projeto utópico – como antecipação teórica daquilo que “ ainda-não-é” -, torna-se possível criar condições para a reforma social. No sentido pejorativo, refere-se ao ideal irrealizável.

Falar de utopia, em filosofia, seria como falar de fé em religião.

Segundo as definições dadas ao termo, principalmente em filosofia, é dizer daquilo que não existe em um lugar espacialmente definido, ou invertendo as posições do pensador, falar de um lugar que não existe espacialmente, pretendendo dotá-lo de uma qualidade que não a possua.

O imaginário das utopias clássicas, diante da expansão marítima e comercial vivida nesse período, dá a tônica e o tema, propriamente dito, ao novo estilo filosófico-literário, inaugurado por Thomas More, que o usa não só para tentar estabelecer um novo sistema social, como dá impulso à própria expansão territorial, dando uma direção para o descobrimento, conhecimento e formação social de um “Novo Mundo”.

Imaginado um mundo novo, More, idealiza Utopia, bem distante da faixa do globo ocupado pela civilização humana no século XVI, mas com uma estreita ligação com o continente já habitado de maneira bem deficiente e inteiramente dominado por uma classe elitizada da sociedade vigente. Além do que a expansão territorial era a idéia central dos governantes desde os tempos mais remotos, tentando ampliar suas fronteiras e riquezas, conquistando novas faixas de terra do planeta. Na época de More, a terra era a principal fonte de riqueza e trazia consigo também poder e status.

A descrição da Ilha é feita com base numa comparação com a Inglaterra do seu tempo, que tem uma função de negativo. È perfeitamente possível entender Utopia como uma anti-Inglaterra. A Inglaterra de More não é mais medieval, os valores não são mais exatamente os da nobreza, embora muito ainda reste dessa época. A singularidade da Inglaterra, onde a nobreza mais cedo começou a perder poder, permite entender porque é tão forte a crítica de More à propriedade privada.

Na sociedade inglesa a essa época já era tênue a linha que distingue burguesia e nobreza. Era muito fácil a ascensão à nobreza de um burguês rico ou a um nobre adquirir as práticas de um burguês. Com isso, haveria mudança drástica, também, não só na construção do conhecimento, como na obtenção do mesmo por uma maior parte da sociedade, tendo todos, o direito à educação de forma eficiente e totalitária.

Thomas More escreveu uma obra onde descreve uma sociedade que entende como melhor que aquela onde vivia. Isso todos sabem. O próprio nome da ilha acaba corroborando essa concepção geral de que Utopia é considerada como o local onde se encontraria a sociedade ideal, e sendo ideal inalcançável. Mas embora o nome da ilha indique que esta exista em um lugar nenhum, ela é situada geograficamente na América, no novo mundo. Ela não é colocada num lugar imaginário, num lugar espiritual, ou num lugar perdido. A ilha existiria no novo continente, sendo então possível fazer a viagem para lá. E é exatamente o que fez Rafael Hitlodeu, o viajante do qual supostamente More ouviu falar da ilha. Por sinal, idoso e sábio, Rafael Hitlodeu representa o rei filósofo de Platão. Essa localização no Novo Mundo está ligada a idéia da esperança de um novo tempo, de uma nova era para o homem, que é o Renascimento e o Humanismo.

A descoberta de uma nova terra trazia consigo uma nova chance, isto é, para os insatisfeitos com o mundo europeu, a possibilidade tanto de encontrar uma nova civilização melhor, quanto um novo lugar para experimentar. O Humanismo do autor estava fazendo um grande rompimento com a idade média, não estava interessado na promessa de uma recompensa no além, no espírito, está preocupado com o mundo físico, com o mundo temporal. Um dos maiores méritos do livro Thomas More foi deslocar o Paraíso para o mundo real.

Constantemente é sugerido por More que Hitlodeu compartilhe sua sabedoria com os reis, fazendo parte de algum Conselho de Estado. Este sempre nega e argumenta com base na crença (experiência ?) de que seus conselhos nunca seriam ouvidos. Hitlodeu, ou melhor More acredita que uma mudança na sociedade não poderá ser feita a partir da vontade das classe no poder num gesto de filantropia. Ao contrário do que acontece em Utopia, um mundo ideal onde um grande patrono, Utopos, reformou a ilha e a tornou na sociedade perfeita, More sabia o que aconteceu com Platão. More queria que a jornada em direção a Utopia fosse feita pelos que estavam insatisfeitos com o mundo como era.

A mudança teria de ser feita de baixo, não pelo povo, mas pelos sábios conduzindo o povo, sem a ajuda dos poderosos. More tinha bem claro que os beneficiários da sociedade em que vivia nunca iriam querer mudar para uma sociedade igualitária e iriam se opor a qualquer tentativa de fazê-lo. Uma mudança no mundo deveria ser preparada cuidadosamente, e divulgada secretamente pelos sábios que a encabeçariam, até que chegasse o momento de bradá-la para os inimigos

A proposta de uma sociedade planejada, trazida por More, embora use da ironia destilada à classe dominante da sua Inglaterra e de outros sistemas totalitários da época, tem suas conseqüências. Como ponto positivo anota a igualdade entre todos, quando nenhum indivíduo da sociedade sairia prejudicado naquilo que ela oferece, mas é bastante “utópico”, esse sistema, pois os governantes serão sempre uma classe distinta dentro de qualquer das sociedades que se venha forma.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Filosofia pode nos conduzir à felicidade?

Leia a resposta do filósofo André Comte-Sponville a seguir.

Filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. Em que medida isso pode nos aproximar da felicidade? Ficando mais perto da verdade, nós nos libertamos de várias ilusões e esperanças tolas. Isso nos ajuda a amar a vida mais do que amar a felicidade, a verdade mais do que a fantasia, o amor mais do que a fé ou a esperança. Os maiores mestres são, a meu ver, Epicuro (de Samos, filósofo grego dos séculos IV e III a.C.), (Michel) Montaigne (filósofo francês do século XVI) e (Baruch) Spinoza (filósofo holandês do século XVII). Quanto a mim, já me expliquei longamente em meu Tratado do Desespero e da Beatitude e, de maneira mais resumida, em Felicidade, Desesperadamente.
...
Tudo depende do que se entende por felicidade. Se você busca uma alegria contínua e soberana, ou mesmo a ausência total de sofrimento e angústia, certamente nunca será feliz. "Toda vida é sofrimento", dizia Buda. E tinha razão. A felicidade, se a entendemos como uma alegria completa, é apenas um sonho, que nos separa do contentamento verdadeiro. Em busca da felicidade absoluta, nós nos proibimos de viver as felicidades relativas e nos tornamos infelizes. Se, ao contrário, você entender como felicidade o fato de não ser infeliz ou simplesmente de poder desfrutar algumas alegrias, a felicidade não é impossível. E você será feliz somente por não ser triste. À exceção, claro, nos momentos mais difíceis da vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A arte da dúvida

Quando se trata de pensamento, poucas pessoas se entregam mais do que os filósofos.

Segundo Aristóteles, a razão distingue os homens dos animais.

Platão dizia que só atingimos a virtude por meio do uso da razão.

Já para Tomás de Aquino, a razão está para o homem como Deus está para o universo.

Também Sócrates, pouco antes de ser condenado à morte pelos atenienses empedernidos, traduziu a sua crença de que uma vida privada de exame racional não vale a pena ser vivida.

Falar de “razão” e não citar René Descartes, o pai da filosofia moderna, é impossível. Foi ele quem mais valorizou a razão, criando, a partir de conclusões, Cogito ergo Sun, o sistema filosófico mais usado em toda a história da filosofia, porém só sistematizado e ordenado a partir da modernidade por Descartes: O Cartesianismo. Por ele, outros filósofos renomados elevaram a razão tema predileto e favorito para o desencadeamento e desenvolvimento de suas doutrinas.

Emanuel Kant, a meu ver, foi o principal desses filósofos que, usando as bases do Cartesianismo e do Cogito, idealizou a fenomenologia, que fora desenvolvida e sistematizada, mais tarde, por Martin Heidegger e Edmund Husserl.

Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, há 50 anos, publicaram um célebre livro, Dialética do Esclarecimento*, onde procuram, de maneira exemplar, o desenvolvimento de uma crítica mais abrangente do próprio conceito de razão. O fio condutor do texto é a exposição das contradições inerentes ao conceito de esclarecimento e a reflexão sobre seus desdobramentos históricos. O objetivo do Esclarecimento sempre foi o de “livrar os homens do medo e investi-los na posição de senhores”.

No confronto primordial com a natureza ameaçadora, o Esclarecimento deu início ao desencadeamento do mundo, buscando assegurar, pelo uso da razão, a conservação da espécie.

Isso tudo não quer dizer que os filósofos sejam os únicos a pensar.

Sempre estamos envolvidos em processos mentais muito semelhantes aos que ocupam os filósofos. Estamos, constantemente, procurando entender, procurando explicações e atribuindo causas. Porém, os filósofos quando se ocupam desses processos, o fazem com um extremo rigor dos critérios que utilizam antes de aceitar a verdade de qualquer coisa.

Quando a filosofia surgiu na Grécia antiga, opunha-se à fonte tradicional de explicações do mundo – a religião popular.

Enquanto ditavam as pessoas o que deviam crer, a religião não lhes oferecia razões logicamente fundamentadas para tanto. As opiniões viviam à custa da confiança – uma forma irracional, ao menos aos olhos dos filósofos, para quem não podia haver pecado maior do que a crença irrefletida na sabedoria tradicional.

Isso leva a uma conseqüência: a sensação de sabermos muito menos do que imaginávamos saber – ponto de partida da sabedoria filosófica, a menos na visão de Sócrates, o maior questionador da história da filosofia. Sócrates passou a vida propondo a si mesmo questões básicas para as quais seus concidadãos petulantes pensavam já ter as respostas – questões como “que é virtude?”, “como devemos viver”? e “que é sabedoria?”.

Mas ele não se contentava em questionar, ele se preocupava antes de tudo em definir caminhos para chegar respostas válidas. Para Sócrates as pessoas pensavam de modo confuso porque lhes faltava um método de pensar: como não começam a discussão por um consenso sobre o uso dos termos, o resultado natural é que, conforme avançam caem em contradições e mal-entendidos.

Ao passo que o pensamento filosófico voltava-se para a construção de argumentos a partir dos fundamentos mais sólidos e buscava inspiração na geometria.

Admirava-se a geometria por sua capacidade de transitar de uns poucos axiomas básicos à dedução de verdades mais abrangentes. A lógica filosófica teve seu pioneiro em Aristóteles, que foi o primeiro a usar letras no domínio do pensamento formal – como, por exemplo, na fórmula lógica segunda a qual, se A é predicado de todo e qualquer B, e B de todo e qualquer C, então necessariamente A é predicado de todo e qualquer C. A lógica testa a pretensão de verdade de enunciados como “todos os brasileiros são mortais”, decompondo-o em dois enunciados mais simples – “todos os brasileiros são seres humanos” e “todos os seres humanos são mortais”” – e recompondo a conclusão – “todos os brasileiros são mortais” -, que pode não ser surpreendente, mas ao menos ilustra o funcionamento do método filosófico em seu nível mais básico.

Talvez seja melhor definir a filosofia menos a partir dos seus temas do que a partir do método de investigação lógica, do seu modo de pensar: lógico, silogístico e axiomático.

Muitas áreas da ciência que se tornaram disciplinas independentes começaram como ramos da filosofia: até o século passado, os cursos universitários de física eram chamados de “filosofia natural”. Não obstante, no curso de sua longa história, houve cinco áreas em que se concentrou a atenção dos praticantes da filosofia: epistemologia, ética, teoria política, estética e filosofia da religião.

Foi provavelmente o primeiro desses ramos que mais afastou pessoas da filosofia. Esperando encontrar certo número de sugestões úteis sobre como viver, estudantes de primeiro ano dão de encontro com um curso de epistemologia, o ramo da filosofia que lida com a Teoria do Conhecimento. Uma de suas questões-chave é a fonte de nossos conhecimentos. Os racionalistas (como Platão e Descartes) argumentam que idéias intrínsecas à mente humana são as únicas fontes do conhecimento, enquanto os empiristas (Locke e Hume) afirmam que os sentidos são a fonte primária das nossas idéias e do nosso conhecimento. Essa ordem de preocupações pode parecer abstrata, em especial quando o debate se concentra na natureza da linguagem (a linguagem nos oferece uma imagem correta do mundo, qual a relação entre palavras e coisas?), mas a epistemologia permanece como centro vital de toda a empresa filosófica.

Pois antes que possamos nos perguntar como devemos viver, a epistemologia cabeça-dura insiste em investigar antes de tudo como a linguagem nos permite formular tais questões. È para a ética que devemos nos voltar se quisermos auxílio em nossas preocupações mais cotidianas. Todas as escolas de filosofia na Grécia na Roma helenística – ou seja, os epicuristas, os céticos e os estóicos – acreditavam que a filosofia devia tratar dos problemas mais penosos da existência humana – a morte, o amor, a sexualidade e o ódio.

Epicuro dizia ser inútil qualquer argumento filosófico que não trate terapeuticamente o sofrimento humano. Pois, assim como de nada serve a medicina senão expulsar a doença do corpo, do mesmo modo é inútil a filosofia que não expulsar o sofrimento da mente.

Diante de alguém preocupado com a morte, o epicurista decerto decomporia o problema em suas partes constituintes e argumentaria que só devemos temer o que nos causa dor. Uma vez mortos, não temos que temer a dor ou o prazer; logo, não a razão lógica para temer a morte. O homem que verdadeiramente compreendeu que não há nada de terrível em cessar de viver não tem mais nada de terrível a temer – concluía Epicuro.

Sendo assim, fala tolamente quem diz temer a morte, pois esta não causa dor quando finalmente sobrevêm; tão-somente sua antevisão pode causar dor.

Examinando os argumentos filosóficos para uma vida conforme a razão, há que mencionar uma importante contracorrente da filosofia ocidental, que argumenta contra a razão e exalta a fé ou o instinto. Longe de nos ajudar a resolver problemas, a razão é apontada como causa maior deles. Santo Agostinho escreveu com desdém sobre as teorias com as quais os homens tentaram alcançar a felicidade em meio à miséria desta vida – e aconselhava a submissão à vontade divina. E, ao rejeitar as pretensões do Iluminismo, Rousseau afirmaria que o pensamento corrompe nossos instintos naturais e positivos: ele imaginou um filósofo que, ao testemunhar da sua janela um assassinato na rua, não precisaria de muito raciocínio para evitar que sua natureza se identificasse com a vítima infeliz.

Estamos longe da fé socrática numa vida racional, sendo que a única ironia está em que este chamado a desconfiar dos filósofos parte de mais filósofo!

Se o pensamento é a ferramenta básica da filosofia, temos ainda que examinar quais usos os vários filósofos destinam a ela. Portanto, a condição fundamental do ser humano é o pensamento, ou seja, todo mundo pensa, mas como? Qual método seguir? O que é apenas outra maneira de perguntar: Como, afinal, devemos viver? Qual é a boa vida? Onde está a virtude?

Vamos usar, mais uma vez o método cartesiano. A Dúvida metódica.

*Dialética do Esclarecimento – Fragmentos filosóficos – Theodor W. Adorno e Max

Horkheimer. Trad. Guido A. de Almeida. Jorge Zahar Editor.


Por Osmar Maciel – 07/02/98.


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sigmund Freud


Introdução

Freud nasceu em Freiberg, Tchecoslováquia, no ano de1856. Este grande nome da psicanálise foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana.

Biografia

Formado em medicina e especializado em tratamentos para doentes mentais, ele criou uma nova teoria. Esta estabelecia que as pessoas que ficavam com a mente doente eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora. Segundo Freud, este tipo de pessoa tinha a capacidade de fechar de tal maneira esses sentimentos dentro de sua mente, que, após algum tempo, esqueciam-se da existência.

Teoria e métodos

A partir de sua teoria, este grande psicanalista resolveu tratar esses casos através da interpretação dos sonhos das pessoas e também através do método da associação livre, neste último ele fazia com que seus pacientes falassem qualquer coisa que lhes viessem à cabeça.

Com este método ele era capaz de desvendar os sentimentos “reprimidos", ou seja, aqueles sentimentos que seus pacientes guardavam somente para si, após desvendá-los ele os estimulava a colocarem esses sentimentos para fora. Desta forma ele conseguiu curar muitas doenças mentais.

Livros

Freud escreveu um grande número de livros importantes, alguns deles foram: Psicologia da Vida Cotidiana, Totem e Tabu, A interpretação dos sonhos, O Ego e o Id e muitos outros. Neles, o “pai da psicanálise” (assim conhecido por ter inventado o termo “psicanálise” para seu método de tratar das doenças mentais) responsabilizava a repressão da sociedade daquela época, que não permitia a satisfação de alguns sentimentos, considerando-os errados do ponto de vista social e religioso.

Segundo ele, o sexo era um dos sentimentos reprimidos mais importantes. Naquela época essa afirmação gerou um grande escândalo na sociedade, entretanto, não demorou muito para que outros psicólogos aderissem à idéia de Freud. Alguns deles foram: Carl Jung, Reich, Rank e outros.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Filosofia da mente


Filosofia da mente é o estudo filosófico dos fenômenos psicológicos, incluindo investigações sobre a natureza da mente e dos estados mentais em geral. A filosofia da mente envolve estudos metafísicos sobre o modo de ser da mente, sobre a natureza dos estados mentais e sobre a consciência. Envolve estudos epistemológicos sobre o modo como a mente conhece a si mesma e sobre a relação entre os estados mentais e os estados de coisas que os mesmos representam (intencionalidade), incluindo estudos sobre a percepção e outros modos de aquisição de informação, como a memória, o testemunho (fundamental para a aquisição da linguagem) e a introspecção. Envolve ainda a investigação de questões éticas como a questão da liberdade, normalmente considerada impossível caso a mente siga como tudo o mais, leis naturais.

A investigação filosófica sobre a mente não implica nem pressupõe que exista alguma entidade – uma alma ou espírito – separada ou distinta do corpo ou do cérebro, e está relacionada a vários estudos da ciência cognitiva, da neurociência, da lingüística e da inteligência artificial.



Por Osmar Maciel...08/09/2009.

sábado, 5 de setembro de 2009

Tempo, espaço, movimento, lugar.




   Segundo Spinoza, o espaço e o tempo são "determinações essenciais" do Ser primitivo e também as coisas que dependem desse Ser não são substâncias, mas acidentes que lhe são inerentes.
   Para Kant, o espaço e o tempo são formas puras da intuição sensível, elementos apriorísticos do conhecimento, sob o aspecto da sensibilidade. Não são adquiridos através da experiência, ou por abstração dos dados vários da sensibilidade. São a priori. Espaço e tempo são formas apriorísticas, mediante as quais a sensibilidade percebe os objetos. O espaço é a forma do sentido externo; o tempo é a forma do sentido interno.
   Desse modo, tudo o que percebemos pela sensibilidade é situado no espaço e no tempo; não podemos eliminar nem o espaço nem o tempo, na percepção sensível. Podemos, até, subtrair os objetos do espaço e os acontecimentos do tempo, mas não podemos afastar a intuição do espaço e do tempo para deixar apenas os objetos e os acontecimentos.
   Tudo o que a experiência nos fornece deve necessariamente ser enquadrado no tempo e no espaço: sem as formas apriorísticas do espaço e do tempo não há experiência possível.
   Quando os modernos filósofos ocidentais dizem que as coisas estão no tempo, como estão no espaço e, que nada pode pensar-se fora do espaço e do tempo, como Descartes e Kant, apenas imaginam uma Segunda espacialidade, que acrescetam à espacialidade baseada nos costumes, no habitual. O tempo seria, diria eu, uma quarta dimensão do espaço. Mas, o tempo não pode ser medido, nem contado, nem dividido. Dividir o tempo seria como dividir as águas de um rio. O tempo é um acontecimento do espaço.
   Na sua fenomenologia, Edmund Hesserl, faz uma distinção entre o tempo fenomenológico do tempo objetivo(cósmico). Segundo ele, como o cosmos, o tempo objetivo é colocado entre parênteses. Colocado o tempo objetivo entre parênteses, resta a temporalidade pura, imanente à consciência, que é um presente como retenção do passado e projeção para o futuro. O tempo que, por essência, pertence ao vivido como tal - com os diferentes modos sob os quais se apresenta - não pode ser medido pela posição do sol, pela hora ou por outro meio físico, pela razão muito simples de que não é mensurável.
   O tempo cósmico está para o tempo fenomenológico em uma relaçao análoga ao que é a extensão que se refere à essência imanente de um conteúdo concreto de sensação com relação à extensão espacial objetiva, isto é, a extensão física do objeto físico que aparece e que se esboça visualmente nesse "datum" de sensação.
   O espaço é o lugar onde se encontra algum objeto. O espaço é o lugar onde eu estou neste momento, onde esta tinta que escreve estes "conceitos" ocupam nesta página.
   Para Heidegger, se, enquanto preocupar-se com o mundo, vendo em torno, pode o "ser-aí" trasladar, separar e colocar é apenas porque ao seu "ser-no-mundo" é inerente o espacializar, compreendido como existenciário. Nem o espaço está no sujeito, nem o mundo está no espaço. Antes, o espaço está "no" mundo, enquanto o "ser-no-mundo", constituído do "ser-aí", que abriu um espaço. Portanto, segundo a teoria, o espaço só existe pela existência do ser. O espaço não se encontra no sujeito, (não é a priori), nem este contempla o mundo como se fosse no espaço, mas o sejeito ontologicamente bem compreendido, o "ser-aí", é "espacial". Por ser o "ser-aí" "espacial" é que se manifesta o espaço como um a priori.
   A essência do "ser-aí" é a existência. O fundamento ontológico da existencialidade do "ser-aí" é a "temporalidade". O conceito tradicional de tempo brota da compreensão quotidianamente vulgar do tempo como um "contar". O conceito vulgar do tempo desmembra-o em passado, presente e futuro. Esse tempo é o tempo cósmico ou cronológico, o tempo da publicidade, do calendário e do relógio. O tempo autêntico, o tempo original, ignora a sucessão: o futuro não é mais tarde que o passado e este não é mais cedo que o presente; a temporalidade "temporiza-se" como futuro "sendo-sido" e constituindo-se em presente.
   Dá-se obviamente, por conta disso, que se o "ser-aí" heidegeriano não existisse, não existira nem espaço, nem tempo e nem mundo.
   Em todo tempo o homem era, é e será, porque o tempo só se temporiza enquanto o homem é.
   Através da Dialética do eterno presente, Lavele vem, também, dizer sobre a temporalidade, esclarecendo que o ser é eterno, não existindo nele qualquer intervalo entre sua possibilidade e sua atualidade. Isto é, para lavele, o ser é em si ato e portanto, sempre atual. Sua eternidade é a de um presente a que nada falta e que jamais pode falhar. Ele é eterno porque antes de atualizar-se, já existia potencialmente através da essência. Ao contrário, a existência implica temporalidade. O tempo é o intervalo que a separa do ser e é o único meio de que dispõe para criar-se a si mesma, isto é, para assinalar sua própria possibilidade, afim de atualizá-la. A possibilidade necessita do porvir para ficar situada antes de penetrar no presente em que se realiza e depois no passado em que está realizada: o tempo é apenas a condição de atualização da possibilidade, isto é, do exercício da liberdade - é a lei da existência. O tempo é o momento apropriado para que uma coisa se realize.
   Portanto, apenas a existência está inserta no tempo: o ser está acima, embora o contenha - o que se exprime dizendo que é eterno; a realidade está abaixo, embora nele entre como um instante que em si não teria passado nem futuro.
   Nos dias atuais, onde a velocidade nos atropela no dia a dia, onde está o nosso tempo? O que fazemos dele? Qual a consciência que temos dele?
   Para fechar este ensaio, elegemos o grande filósofo Henri Bergson, que tomando a grande discussão dos gênios da antiguidade grega, Heráclito e Parmênides, que a tudo deram origem, a respeito do movimento. Bergson diz que, a duração se mede pela trajetória de um móvel e que o tempo matemático é uma linha. Mas, a linha que se mede é imóvel, ao passo que o tempo é mobilidade. A linha é feita, o tempo é o que se faz e mesmo o que faz com que tudo se faça. Jamais a medida do tempo incide sobre a duração como duração: conta-se apenas um certo número de extremidades de intervalos, ou momentos, isto é, paradas virtuais no tempo.
   Quando a ciência positiva fala no tempo, refere-se ao movimento de certo móvel T sobre uma trajetória: este movimento foi escolhido como representativo do tempo e é imóvel por definição. Não se cuida do fluxo do tempo e de seu efeito sobre a consciência.
   Bergson, aí, encontra a duração interior pura, continuidade que não é unidade nem multiplicidade. A ciencia desinteressara-se por esta duração. Até Spencer, que manteve uma doutrina evolucionista feita para seguir orela na sua mobilidade, não deu importância para essa duração, assim como todos os outros sistemas filosóficos colocaram tempo e espaço no mesmo plano e os consideraram como coisas do mesmo gênero: Estuda-se o espaço e, depois, transportam-se para o tempo as conclusões obtidas; para passar do espaço ao tempo, à filosofia, era bastantesubstituir a palavra "justaposição" pelo vocábulo "sucessão".
   Tínhamos apenas o tempo espacializado. Não é necessário relembrar os argumentos de Zenão de Eléia: todos eles implicam a confusão do movimento com o espaço percorrido, ou ao menos a convicção de que se pode tratar o movimento como se trata o espaço, dividi-lo sem considerar suas articulações
   A prórpia estrutura do entendimento humano mascara a duração, quer no movimento, quer na modificação. No movimento, a inteligência retém apenas uam série de posições, negligenciando a transição: a duração do movimento decompõe-se em momentos do tempo e as posições do móvel são instantâneos tomados por nosso entendimento sobre a continuidade do movimento e da duração.
   O que é real não são os "estados", mas o fluxo, a continuidade de transição, a modificação em si, modificação indivisível e substancial.
   O movimento é o ato de mudar de lugar, é a deslocação do móvel numa linha, é a evolução, é a marcha dos corpos celeste, do homem, da vida, das idéias, da filosofia...

Por Osmar Maciel..23/08/2003.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A mente

Para fins meramente didáticos, podemos subdividir a mente em:
  • Nos lobos frontais recebemos os «estímulos do futuro»,

  • no córtex abrigamos as «sugestões do presente»,

  • e no sistema nervoso, propriamente dito, arquivamos as «lembranças do passado».

O certo é que em todos os tratados de psicologia se emprega ambos os vocábulos como se tivessem igual significado. Entretanto, o inconsciente deve ser claramente separado do subconsciente:
  • O inconsciente deve ser encarado como um ressurgimento do primário, de épocas passadas do ser. Significa estancamento, regresso a um processo psíquico anterior. É o lastro acumulado que se deve ir perdendo na ascensão espiritual. É o ato psíquico não deliberado proveniente da nossa anterior experiência orgânica, vital. (Ver: Sonho)

    Se dizemos o ser inconsciente referimo-nos ao indivíduo organicamente considerado, a um aspecto intranscendente do seu psiquismo.

  • O subconsciente é a compreensão de todos os conteúdos conscientes na larga trajetória do espírito durante o processo da sua evolução biológica e o seu evolver anímico; captação que registra e arquiva minuciosamente todos os pormenores de fatos ocorridos, deixando como síntese um pensamento orientado, um ensino proveitoso para o ser. É o progresso, a evolução. É o conhecimento que se acrescenta para aproveitamento ulterior.

    Se falarmos do ser subconsciente referimo-nos ao espírito na sua função evolutiva, ao aspecto transcendente ou imanente do psiquismo.

por: Carlos Bernardo Loureiro

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/fep/inconsciente-e-subconsciente.html

http://www.panoramaespirita.com.br/artigos/artigos_04/Inconsciente_e_subconsciente.html